quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Por mais calor humano no mundo!

     Com o passar dos anos o mundo foi se tornando cada vez mais egoísta e individualista. O outro pouco importa: “Somente as coisas que me interessam merecem a minha atenção”, “Se não é comigo, problema dele”, “Não tenho nada a ver com isso”.
    E daí surge uma onda de indiferença, de desprezo, que acredito que seja a principal causa de doenças e transtornos existentes. Mal se presta atenção no outro que nos rodeia, pouco são os contatos com pessoas, seja um abraço, uma conversa pessoalmente, uma visita só pra saber se o outro está bem, pra ir dar um abraço porque estava com saudades (quanto tempo não se faz isso?). Salvo os casos em que se precisa de favores, em que há algum interesse ou raras festas de aniversário (rodeadas por muitos interesses), em que pouco se usufrui da companhia do outro, fica-se mais preocupado em postar a melhor foto em todas as redes sociais, do que se comeu, da ”felicidade” e “união” das pessoas ali reunidas, das roupas utilizadas para a ocasião...
     E isso é muito engraçado. Porque cada vez mais se ignora o outro, mas há uma preocupação cada vez maior do que o outro pensa de você. E você precisa estar com o outro porque estar sozinho é uma demonstração de fracasso. Daí surge uma competição muito absurda sobre quem é mais feliz dentro do seu mundo, e essa competição via redes sociais é absolutamente ridícula, e inclusive na grande maioria das vezes é pautada em mentiras. As pessoas mentem para si próprias todos os dias. Inventaram outro conceito pra felicidade. O conceito do consumo e das futilidades. Há o consumo até da presença do outro, como se tudo virasse mercadoria o tempo todo.
      E eu pergunto: do que adianta? Qual o objetivo em demonstrar aos outros algo que não existe? Do que adianta estar rodeado de pessoas e realmente se sentir sozinho? E quando não se tem nada para oferecer nesse jogo de interesses, o que sobra? Não seria mais prudente viver intensamente os momentos e sentir a diferença que a presença do outro traz, de verdade?
    O ser humano necessita de outro ser humano para sobreviver. O contato, o afeto, a proximidade são primordiais para nossa saúde física e mental. Mas para isso, essas relações realmente precisam existir, ao contrário as pessoas se sentem sozinhas, com a validade vencida ou até inúteis. E a solidão, o desprezo e o isolamento, matam. Pois há uma sensação, na maioria das vezes real, de que sua presença não faz diferença naquele espaço. Pelo contrário, sente o tempo todo que incomoda, que atrapalha.
     Isso porque o ódio e o amor são sentimentos muito próximos, a pessoa só vai senti-los se realmente se importar com você, se você fizer alguma diferença na vida dela. Por isso, nada pior do que ser ignorado por alguém. Por que enquanto a pessoa está brigando com você, pelo menos ela está demonstrando algum tipo de preocupação, está em algum tipo de interação.
     As relações plásticas são  totalmente ineficazes e auxilia nesse processo degradante. Mexa-se. Inicie o movimento. Vá fazer diferença na vida de alguém. Faça a sua vida valer a pena. Vá contar histórias, ouvir histórias, fazer história. Rir de verdade, ser feliz. Preste atenção no outro, no que ele tem pra dizer, por mais que isso te irrite. Valorize o outro. Valorize você. Valorize agora, porque o tempo leva tudo. E o melhor: você não precisa mostrar isso pra ninguém, não é nenhuma competição. Você só precisa viver. 

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