Com o passar dos anos o mundo foi
se tornando cada vez mais egoísta e individualista. O outro pouco importa: “Somente
as coisas que me interessam merecem a minha atenção”, “Se não é comigo,
problema dele”, “Não tenho nada a ver com isso”.
E daí surge uma onda de
indiferença, de desprezo, que acredito que seja a principal causa de doenças e
transtornos existentes. Mal se presta atenção no outro que nos rodeia, pouco
são os contatos com pessoas, seja um abraço, uma conversa pessoalmente, uma
visita só pra saber se o outro está bem, pra ir dar um abraço porque estava com
saudades (quanto tempo não se faz isso?). Salvo os casos em que se precisa de
favores, em que há algum interesse ou raras festas de aniversário (rodeadas por
muitos interesses), em que pouco se usufrui da companhia do outro, fica-se mais
preocupado em postar a melhor foto em todas as redes sociais, do que se comeu, da
”felicidade” e “união” das pessoas ali reunidas, das roupas utilizadas para a
ocasião...
E isso é muito engraçado. Porque
cada vez mais se ignora o outro, mas há uma preocupação cada vez maior do que o
outro pensa de você. E você precisa estar com o outro porque estar sozinho é
uma demonstração de fracasso. Daí surge uma competição muito absurda sobre quem
é mais feliz dentro do seu mundo, e essa competição via redes sociais é
absolutamente ridícula, e inclusive na grande maioria das vezes é pautada em
mentiras. As pessoas mentem para si próprias todos os dias. Inventaram outro
conceito pra felicidade. O conceito do consumo e das futilidades. Há o consumo
até da presença do outro, como se tudo virasse mercadoria o tempo todo.
E eu pergunto: do que adianta? Qual o objetivo
em demonstrar aos outros algo que não existe? Do que adianta estar rodeado de
pessoas e realmente se sentir sozinho? E quando não se tem nada para oferecer
nesse jogo de interesses, o que sobra? Não seria mais prudente viver
intensamente os momentos e sentir a diferença que a presença do outro traz, de
verdade?
O ser humano necessita de outro
ser humano para sobreviver. O contato, o afeto, a proximidade são primordiais
para nossa saúde física e mental. Mas para isso, essas relações realmente
precisam existir, ao contrário as pessoas se sentem sozinhas, com a validade
vencida ou até inúteis. E a solidão, o desprezo e o isolamento, matam. Pois há
uma sensação, na maioria das vezes real, de que sua presença não faz diferença
naquele espaço. Pelo contrário, sente o tempo todo que incomoda, que atrapalha.
Isso porque o ódio e o amor são
sentimentos muito próximos, a pessoa só vai senti-los se realmente se importar
com você, se você fizer alguma diferença na vida dela. Por isso, nada pior do
que ser ignorado por alguém. Por que enquanto a pessoa está brigando com você,
pelo menos ela está demonstrando algum tipo de preocupação, está em algum tipo
de interação.
As relações plásticas são totalmente
ineficazes e auxilia nesse processo degradante. Mexa-se. Inicie o movimento. Vá fazer diferença na vida de
alguém. Faça a sua vida valer a pena. Vá contar histórias, ouvir histórias,
fazer história. Rir de verdade, ser feliz. Preste atenção no outro, no que ele
tem pra dizer, por mais que isso te irrite. Valorize o outro. Valorize você.
Valorize agora, porque o tempo leva tudo. E o melhor: você não precisa mostrar
isso pra ninguém, não é nenhuma competição. Você só precisa viver.
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