Hoje
acidentalmente, fuçando a toa na internet, encontrei um vídeo de um garoto de
14 anos que tem Epidermólise Bolhosa (EB), uma doença que causa bolhas na pele
e, infelizmente não tem cura. Esse menino é obrigado a conviver com a dor diariamente,
até o último dia sua curta vida. (Quem tiver interesse: https://www.youtube.com/watch?v=CrImKKuOA18).
Mas você deve
estar se perguntando: "Por que ela está contando isso?". O fato é que
depois de ver esse vídeo eu comecei a pensar sobre dor.
A grande
maioria de nós já sentiu dor. Alguns sentem com mais intensidade, outros com
menos, mas ainda sim a dor é nossa companheira de vida, assim como o prazer.
Porém, ao contrario do prazer, temos a cultura de caracterizar a dor como algo
ruim. Isso é tão arraigado que se procurarmos no dicionário, o significado da
palavra “dor” está ligado a uma “sensação desagradável ou penosa”. Mas será que
é mesmo? Até que ponto ela ruim e até que ponto é uma coisa boa? Será que o bom
da dor é quando ela acaba? É o alívio de não senti-la mais? Bem, eu realmente
não sei.
Nessa linha de raciocínio, recordei das
pessoas que possuem insensibilidade congênita à dor, ou analgesia congênita, ou seja, elas não sentem dor. Talvez essas
pessoas sintam falta da dor. Afinal, ela é evolutivamente importante para que
possamos nos manter vivos. Sem dor, não sabemos se há algo errado, como um pé
quebrado ou uma queimadura, por exemplo. Daí corre-se muitos mais riscos que
outras pessoas, que possuem esse alerta natural.
Não sentir dor
é apavorante, a meu ver. Porque, sem dúvida, sentir dor nos faz sentir mais vivos.
Talvez por saber que a vida tem um limite, que quando ultrapassamos, surge um
alarme (a dor) e diz: “Pare, ou você vai morrer”. Assim, a dor é naturalmente
boa a nossa vida. Ao passo que sentir dor a todo momento é desesperador. É como
se estivéssemos morrendo a todo tempo. Pera ai, mas não estamos??
O ideal mesmo
é o equilíbrio. A dor tem sua função. Utilizemos ela para tal. Ela pode até ser divertida em alguns casos...
Quando o equilíbrio não é possível, penso que a única coisa que pode ser feita
é se entregar a ela. A dor também é uma sensação. Ela tem que ser sentida. A
vida é isso... um conjunto de coisas que têm que ser aproveitadas, inclusive as
coisas que não classificamos como boas, mas sabemos que são, em algum sentido,
como a dor.
E quando a dor
não é física, geralmente as pessoas tornam ela física. Como um mecanismo de
busca de controle. Mas penso que quando ela não é física, talvez estamos
confundindo a dor com outro sentimento, não sei qual, mas penso que toda dor é
física. Até porque, por incrível que pareça eu não acredito em uma mente
separada do cérebro. Talvez acredite em uma alma... mas isso faz parte de outro
assunto...
Enfim, para
mim a dor, só é dor quando ela é física. Considero os pensamentos como sendo
algo físico, assim como nossa memória e todas essas coisas que as pessoas
chamam de mente. Então é possível reviver dores. Senti-las mais de uma vez, em
momentos diferentes. Mas a maioria de nós, felizmente, temos o controle da dor.
Principalmente dessa, que é revivida.
O grande
problema nisso tudo é que a maioria das pessoas se perdem nesse recordar. Vivem
em função das dores passadas. Talvez, seria mais interessante não ter esse recurso.
Mas se não o tivéssemos, não poderíamos relembrar outras coisas mais prazerosas.
E isso seria uma perda. Não diria que precisamos deixar de viver o passado,
porque as lembranças também tem sua função. Bem sabe uma família que possui um membro com Alzheimer...
A questão é resolvermos
as coisas do passado que nos traz dor no presente e nos impede de viver um
futuro. Como? Não sei. Acho que temos que aprender juntos... cada dor é
diferente uma da outra.
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