sábado, 22 de agosto de 2015

As dores da vida

Hoje acidentalmente, fuçando a toa na internet, encontrei um vídeo de um garoto de 14 anos que tem Epidermólise Bolhosa (EB), uma doença que causa bolhas na pele e, infelizmente não tem cura. Esse menino é obrigado a conviver com a dor diariamente, até o último dia sua curta vida. (Quem tiver interesse: https://www.youtube.com/watch?v=CrImKKuOA18).
Mas você deve estar se perguntando: "Por que ela está contando isso?". O fato é que depois de ver esse vídeo eu comecei a pensar sobre dor.
A grande maioria de nós já sentiu dor. Alguns sentem com mais intensidade, outros com menos, mas ainda sim a dor é nossa companheira de vida, assim como o prazer. Porém, ao contrario do prazer, temos a cultura de caracterizar a dor como algo ruim. Isso é tão arraigado que se procurarmos no dicionário, o significado da palavra “dor” está ligado a uma “sensação desagradável ou penosa”. Mas será que é mesmo? Até que ponto ela ruim e até que ponto é uma coisa boa? Será que o bom da dor é quando ela acaba? É o alívio de não senti-la mais? Bem, eu realmente não sei.
Nessa linha de raciocínio, recordei das pessoas que possuem insensibilidade congênita à dor, ou analgesia congênita, ou seja, elas não sentem dor. Talvez essas pessoas sintam falta da dor. Afinal, ela é evolutivamente importante para que possamos nos manter vivos. Sem dor, não sabemos se há algo errado, como um pé quebrado ou uma queimadura, por exemplo. Daí corre-se muitos mais riscos que outras pessoas, que possuem esse alerta natural. 

Não sentir dor é apavorante, a meu ver. Porque, sem dúvida, sentir dor nos faz sentir mais vivos. Talvez por saber que a vida tem um limite, que quando ultrapassamos, surge um alarme (a dor) e diz: “Pare, ou você vai morrer”. Assim, a dor é naturalmente boa a nossa vida. Ao passo que sentir dor a todo momento é desesperador. É como se estivéssemos morrendo a todo tempo. Pera ai, mas não estamos??
O ideal mesmo é o equilíbrio. A dor tem sua função. Utilizemos ela para tal.  Ela pode até ser divertida em alguns casos... Quando o equilíbrio não é possível, penso que a única coisa que pode ser feita é se entregar a ela. A dor também é uma sensação. Ela tem que ser sentida. A vida é isso... um conjunto de coisas que têm que ser aproveitadas, inclusive as coisas que não classificamos como boas, mas sabemos que são, em algum sentido, como a dor.
E quando a dor não é física, geralmente as pessoas tornam ela física. Como um mecanismo de busca de controle. Mas penso que quando ela não é física, talvez estamos confundindo a dor com outro sentimento, não sei qual, mas penso que toda dor é física. Até porque, por incrível que pareça eu não acredito em uma mente separada do cérebro. Talvez acredite em uma alma... mas isso faz parte de outro assunto...
Enfim, para mim a dor, só é dor quando ela é física. Considero os pensamentos como sendo algo físico, assim como nossa memória e todas essas coisas que as pessoas chamam de mente. Então é possível reviver dores. Senti-las mais de uma vez, em momentos diferentes. Mas a maioria de nós, felizmente, temos o controle da dor. Principalmente dessa, que é revivida.
O grande problema nisso tudo é que a maioria das pessoas se perdem nesse recordar. Vivem em função das dores passadas. Talvez, seria mais interessante não ter esse recurso. Mas se não o tivéssemos, não poderíamos relembrar outras coisas mais prazerosas. E isso seria uma perda. Não diria que precisamos deixar de viver o passado, porque as lembranças também tem sua função. Bem sabe uma família que possui um membro com Alzheimer...
A questão é resolvermos as coisas do passado que nos traz dor no presente e nos impede de viver um futuro. Como? Não sei. Acho que temos que aprender juntos... cada dor é diferente uma da outra.


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