As vezes o destino prega umas peças na nossa vida, coisas tão sem nexo, que somente depois de alguns anos a gente vai perceber o quão importante foram esses eventos. Essa história é uma dessas peças, um tanto quanto bizarras, mais quais não são?
Era só uma pessoa pensando na vida após o almoço. Seu amado estava de partida para uma longa viagem. Despediu-se de longe, até porque seu amor era proibido e nem o amado desconfiara desse sentimento. E como consolo e por sentir que naquele dia ensolarado, merecia mais amor, decidiu ir à sorveteria.
Era só uma pessoa pensando na vida após o almoço. Seu amado estava de partida para uma longa viagem. Despediu-se de longe, até porque seu amor era proibido e nem o amado desconfiara desse sentimento. E como consolo e por sentir que naquele dia ensolarado, merecia mais amor, decidiu ir à sorveteria.
Durante o caminho sonhava com a
vida mais feliz ao lado do amado e com as bolas de sorvete em cima de uma
casquinha, cheia de guloseimas, gordices e felicidade em forma de comida. Já
sentia o prazer em sua boca, como se fosse um toque de libertação.
No caminho, se deparou com um
morador de rua que ficava ali no bairro. Ele levava consigo em uma mão um saco
com algumas latinhas de refrigerante e cerveja, provavelmente as venderia em
algum lugar. Na outra mão, se deliciava com uma laranja, como se fosse a comida
mais saborosa do mundo, como se aquilo o libertasse.
Seus destinos se cruzaram por
alguns segundos. Não se cumprimentaram, não disseram nada um para o outro.
Apenas passaram um ao lado do outro.
De repente, sente uma
forte pressão em sua nuca. Quando olha pra trás, avista o morador de rua,
rindo, há mais ou menos 1 metro e meio de distância. Olha para o chão e vê a
laranja. Ele havia arremessado a laranja contra sua nuca.
Ele ria. Ela ficou sem reação. O
que o motivara a fazer isso? Não sabia se ria junto com ele; se chorava, porque
afinal estava doendo muito; se dava parabéns pela capacidade de mira do morador
de rua; se lhe perguntava o porquê de tal ação. Sem saber o que fazer, ficou
muda. Continuou andando. Agora pensando na dor, na situação e nessas tantas
perguntas. “Que coisa bizarra”, pensava. Parecia que essa laranja carregava o peso do mundo.
Tomou o sorvete, que não foi lá
grandes coisas. Na verdade nem sentiu direito o gosto. Foi pra casa, perdida. Mal
sabe que aquela laranja foi o destino falando: “Acorda pra vida!”, “Acorda para
o mundo ao seu redor”.
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